quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O que é mais importante: Propaganda ou Relações Públicas?

O conhecido guru de Marketing Al Ries, inventor do termo posicionamento e autor de vários livros entre os quais Marketing de Guerra, escreveu o livro The Fall of Advertising & The Rise of PR, no qual menciona que relações públicas têm se tornado a mais poderosa arma de marketing.
De acordo com o autor, RP cria novas marcas no mercado, enquanto a propaganda é uma espécie de mecanismo de defesa para marcas já estabelecidas. Sem falar no fato de que lançar produtos através de relações públicas reduz substancialmente os custos de marketing.
Diz ainda o autor: se você está lançando um produto totalmente inovador como Viagra ou Botox no mercado ou o filme O Homem-Aranha, um programa de relações públicas é absolutamente imbatível. Mas se você está introduzindo mais uma cerveja no mercado ou um novo sabonete, você precisa mesmo é de uma boa camapnha de propaganda.
O único problema é que relações públicas é uma incompreendida.
E é pelo pouco conhecimento do assunto que a atividade de relações públicas no Brasil é ainda incipiente, embora seu potencial seja imenso. Só para dar uma ideia, o mercado mundial de RP foi da ordem de US$4.31 bilhões em 2001, de acordo com o Council of Public Relations Firms. No Brasil, não chegou aos US$50 milhões, o que corresponde à receita de uma grande agência de RP só no seu escritório de Nova York. O principal motivo é que pouca gente sabe o que RP pode fazer pela sua empresa.
-Planejamento estratégico da comunicação corporativa (imagem da empresa)
-Comunicação dirigida aos diversos públicos com que a empresa se relaciona
-Relações com a imprensa
-Administração de crises
Em outras palavras, RP é toda a administração da reputação, da imagem da empresa junto aos seus diversos públicos. Alguma empresa pode prescindir de relacionar-se bem com os seus funcionários? Seus parceiros comerciais? Com a comunidade? RP, portanto, cuida do mesmo patrimônio de uma empresa, a sua reputação.
De acordo com Paul Homes, editor da revista Inside RP, "Enquanto a propaganda é uma importante ferramenta de comunicação, RP é muito mais que isso, é uma caixa de ferramentas, um processo, talvez até mesmo uma maneira de pensar". Dificilmente uma agência de propaganda vai recomendar uma solução que não envolva a compra de espaço, através do qual a empresa vai expressar seu ponto de vista. RP, ao contrário, é definida pela habilidade de passar mensagens através de uma ampla gama de veículos em espaços cedidos. Além do que, na propaganda é você quem está falando bem de si mesmo, enquanto através de um bom trabalho de RP você consegue que outros falem bem de você. Aí está também uma de suas maiores vantagens: a credibilidade. Recente pesquisa feita nos EUA mostra que 76% dos principais executivos de empresas reconhecem que RP tem se tornado mais importante para eles do que era há cinco anos e 82% a consideram uma função da alta cúpula da companhia. "As empresas, independentemente do seu porte, precisam ter imagem positiva junto às suas comunidades, ou certamente falharão." A pesquisa publicada na revista Inside PR vai além: "Estamos indo em direção a um mercado de relacionamento e RP é a melhor maneira de influenciar os seus públicos". É por tudo isso que o mercado de RP está crescendo a respeitáveis taxas, com especial destaque para as áreas de saúde, tecnologia, finanças e relações governamentais.
Mas a verdade é que a comunicação tem vários instrumentos que dependem das necessidades específicas de cada caso, dos públicas que se quer atingir, do prazo, da concorrência, do mercado, dos recursos disponíveis e de muitas outras variáveis. Portanto, nenhuma das disciplinas da comunicação - propaganda, promoções, marketing direto, relações públicas e outras tais- é a solução única ou a mais imporante. Mais importante é praticar o que os principais players do mercado estão fazendo: comunicação integrada.
Fonte: Roberto Grad

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Para sair do faz - de - conta

A pesquisa sobre o estado da arte da Comunicação Interna Brasileira que a Aberje realizou durante o segundo semestre de 2002, com 100 estreladas empresas brasileiras, que juntas faturaram, em 2001, mais de 170 bilhões de dólares e empregam aproximadamente 800 mil pessoas, mostrou que existe, entre os responsáveis pela comunicação das empresas, uma grande insatisfação com a comunicação interna. Para 71% dos pesquisados, a comunicação interna atende parcialmente às necessidades das empresas.
Os gestores, apesar das boas intenções, esforços, gente e investimento, começam a concluir que a comunicação interna é mais do que a constelação de mídias que, segundo a pesquisa, ainda são os grandes suportes de relacionamento com os empregados. Essa constatação de que o processo de comunicação é muito mais do que simplesmente um canal se aplica às publicações tradicionais e também aos veículos eletrônicos e aos meios on-line, entre eles o e-mail e a intranet. De acordo com os resultados da pesquisa da Aberje, é possível inferir que a comunicação interna, feita no Brasil segue um modelo que tem ênfase na informação, sistema em que os empregados são brindados, o tempo todo, com pacotes de temas de interesse quase exclusico dos administradores. A linguagem oficial, de perfil descendente, se disfarça de moderna, no caso das publicações, no design gráfico. Nos vídeos e nas webs internas o que predomina e a voz de quem manda. Nessa lógica informativa, os empregados não têm espaço ou tempo para transformar informação em conhecimento. Em empresas que não querem ouvir, é impossível para o trabalhador transformar os signos da empresa em autodescoberta e autoconhecimento. O que se vê é quase sempre uma comunicação interna feita com objetivos quantitativos em detrimento da inteligência e da participação.
Mas como as empresas podem superar esse modelo, que rói a boa prática da comunicação interna?
Hoje, o tempo, no âmbito das empresas, é exclusivamente o da produção. Todo minuto precisa ter como correspondente algum produto, pedido ou serviço. Brincar, conversar, dialogar, debater, aprender, dividir e compartilhar não são os verbos da empresa, cuja administração e arquitetura são estruturadas apenas para somar. Nessa perspectiva de produção e de tempo mecanista, coercitivo, homogêneo e sem surpresas, o verdadeiro processo comunicativo, que é um jogo democrático, em que todos trocam de papéis, o tempo todo, não tem lugar.
A comunicação interna excelente só acontece em empresas que tenham uma perspectiva humanista. Empresas que unem o olhar quantitativo ao qualitativo. A boa comunicação interna só é possível em empresas em que o trabalho não seja o fim, mas seja um meio para o crescimento dos indivíduos que a compõem.
O "vestir a camisa" não pode ser uma metáfora sinistra que anuncia o desaparecimento do empregado.
Os processos de comunicação devem se assentar fortemente no diálogo e nos fluxos de informações ascendentes (não confundir isso com "caixinhas de sugestões" e horizontais (laterais). Processos que sejam reflexos de uma cultura de participação e de lideranças democráticas, que promovam os trabalhadores de espectadores e agentes desses processos.
Do contrário, continuaremos assistindo a um pequeno teatro organizacional, em que todos fingem não ver que a comunicação é uma mentira.
Fonte: Nassar Paulo, Tudo é comunicação